COMUNIDADE UM REGISTRO SIMPLISTA
Meu cenário
mudou! Mais uma vez mudou!
O que Antes
era restrito a uma janela com um flamboaiã
Hoje é livre,
céu aberto, penso poder toca-lo
E as
estrelas, conta-las
Vivo um
momento Moises de ser, por vezes,
Lembro-me de
Abraão. Mas, deixo isso para contar depois.
Preciso
registrar meu olhar!
Casas
agrupadas na maioria interminadas,
Novelos de
fios em postes que parecem não suportar tanto peso,
Rostos
cansados, ladeiras intermináveis!
Músicas
diversas, crenças indefinidas,
O céu é mais
perto e o sol mais escaldante,
A felicidade
parece estar em qualquer coisa que roube, ainda que momentaneamente, a consciência
da realidade.
Ela pode
estar no copo de cerveja,
Na conversa da
esquina,
No encontro
das crianças, descalças nas ruas, lambuzadas de sacolé,
Na casa de material
de construção, mais uma aquisição...
No salão de
beleza com apenas uma cadeira,
No bate papo
da padaria na espera do pão fresco,
No beco...
E Ao findar,
tudo se torna festa. A subida da ladeira compensa o término do dia de trabalho.
Os cachorros
andam ao lado dos gatos que não parecem se incomodar com os ratos.
Os pássaros são
de espécie incontáveis mas as ararinhas gritam mais alto e forte. Andam sempre
juntas, muitas!
Carros,
moto-taxis, caminhões, carteiros, empresas de telefonia, circulam a todo
instante
A música clássica
de fundo é só o anuncio da chegada do carro que vende o bujão de gás.
Não é raro
ouvir:
- Alguém quer
alguma coisa lá de baixo?
É! Existe “os
lá de baixo”!
Assim como,
“os daqui de cima”!
Fico tentando
ver onde me adequo.
Nem de baixo,
nem de cima, eu não sou daqui!
Voltando ao
meu novo cenário,
Ouço algo!
São Fogos ou
tiros?
Que diferença
faz?
Ambos podem
ter motivo de comemoração,
alerta, destruição...
Quem sabe a razão? "Eles" já perderam a noção!
E os lá de
baixo também sofrem com isso!
Por aqui
ninguém se incomoda!
Parece que a
localização garante a proteção! Ou não!?
Se for guerra
do bem contra o mal, a saber quem é quem, essa lógica deixa de existir também!
Porta
trancada, janela fechada, aqui não tem.
O Calor é
forte e ninguém rouba ninguém!
Até porque,
roubar o quê? de quem?
Quem tem, o
pouco que tem, divide com quem nada tem!
Minha “casa”
é a última no topo da favela. Ops, comunidade!
Bem perto da
caixa d’agua. Já me aventurei a subir a pé e foi muito bom desconstruir paradigmas
e construir novos a partir da minha percepção, e do meu modo de ver!
E um deles
que ninguém pode refutar é que;
Existe muito
mais humanidade e cristianismo no necessitado e ignorante, do que consciência e
solidariedade no letrado e abastado!
Por hora eu
estou aqui! Cumprindo o meu papel, feliz!
Surpreendentemente
feliz!
E esteja eu
onde estiver, até quando Deus quiser, nada me separa do Seu imenso amor!
Obrigada, meu
Senhor, pela força e pelo teu favor!
MM
01/2015