quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

COMUNIDADE


 

COMUNIDADE UM REGISTRO SIMPLISTA

Meu cenário mudou! Mais uma vez mudou!

O que Antes era restrito a uma janela com um flamboaiã

Hoje é livre, céu aberto, penso poder toca-lo

E as estrelas, conta-las

Vivo um momento Moises de ser, por vezes,

Lembro-me de Abraão. Mas, deixo isso para contar depois.

Preciso registrar meu olhar!

Casas agrupadas na maioria interminadas,

Novelos de fios em postes que parecem não suportar tanto peso,

Rostos cansados, ladeiras intermináveis!

Músicas diversas, crenças indefinidas,

O céu é mais perto e o sol mais escaldante,

A felicidade parece estar em qualquer coisa que roube, ainda que momentaneamente, a consciência da realidade.

Ela pode estar no copo de cerveja,

Na conversa da esquina,

No encontro das crianças, descalças nas ruas, lambuzadas de sacolé,

Na casa de material de construção, mais uma aquisição...

No salão de beleza com apenas uma cadeira,

No bate papo da padaria na espera do pão fresco,

No beco...

E Ao findar, tudo se torna festa. A subida da ladeira compensa o término do dia de trabalho.

Os cachorros andam ao lado dos gatos que não parecem se incomodar com os ratos.

Os pássaros são de espécie incontáveis mas as ararinhas gritam mais alto e forte. Andam sempre juntas, muitas!

Carros, moto-taxis, caminhões, carteiros, empresas de telefonia, circulam a todo instante

A música clássica de fundo é só o anuncio da chegada do carro que vende o bujão de gás.

Não é raro ouvir:

- Alguém quer alguma coisa lá de baixo?

É! Existe “os lá de baixo”!

Assim como, “os daqui de cima”!

Fico tentando ver onde me adequo.

Nem de baixo, nem de cima, eu não sou daqui!

Voltando ao meu novo cenário,

 Ouço algo!

São Fogos ou tiros?

Que diferença faz?

Ambos podem ter motivo de comemoração,

alerta, destruição...

Quem sabe a razão? "Eles" já perderam a noção!

 E os lá de baixo também sofrem com isso!

Por aqui ninguém se incomoda!

Parece que a localização garante a proteção! Ou não!?

Se for guerra do bem contra o mal, a saber quem é quem, essa lógica deixa de existir também!

Porta trancada, janela fechada, aqui não tem.

O Calor é forte e ninguém rouba ninguém!

Até porque, roubar o quê? de quem?

Quem tem, o pouco que tem, divide com quem nada tem!

Minha “casa” é a última no topo da favela. Ops, comunidade!

Bem perto da caixa d’agua. Já me aventurei a subir a pé e foi muito bom desconstruir paradigmas e construir novos a partir da minha percepção, e do meu modo de ver!

E um deles que ninguém pode refutar é que;

Existe muito mais humanidade e cristianismo no necessitado e ignorante, do que consciência e solidariedade no letrado e abastado!

Por hora eu estou aqui! Cumprindo o meu papel, feliz!

Surpreendentemente feliz!

E esteja eu onde estiver, até quando Deus quiser, nada me separa do Seu imenso amor!

Obrigada, meu Senhor, pela força e pelo teu favor!

MM

01/2015

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